sábado, maio 16, 2009

RESPIRAÇÃO

Susteve-se. Beethoven (quase surdo!) no ar… neste ar! Cruzando o tempo chegou até aqui onde estão os meus ouvidos. Saberia ele que, com os seus sons me emprestaria um pouco de paz luminosa, imaginaria que me tirava deste torpor de mariposa? Eu queria-me assim, caprichoso, volátil, circundante, elíptico, em hélice, etéreo, imaterial, desmaterializante. Quem sabe se, assim, ressuscitaria mais depressa deste estar intoxicante numa atmosfera irrespirável cujo ar (poluído) não se percebe de onde vem? Pode ser de aqui, mesmo ao lado, ou então doutro fado, mais longínquo, mas tão próximo. Comprime-me o tórax, aperta-me, e nem me explica porquê. Se outra vez eu voltasse ao jardim da minha infância aí encontraria, se calhasse, alguma esperança.


Mario
Lisboa, 14 Maio 2009

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